O presidente da ABHO, Marcos Domingos da Silva, concedeu nesta semana duas entrevistas para emissoras de rádio. Na segunda-feira, dia 13, participou do Balanço Geral da Rádio Record, 1000Khz AM, apresentado pelo João Ferreira e Leão Lobo, quando abordou o tema “As doenças adquiridas pelos motoristas de ônibus ao longo da jornada de trabalho e o que fazer para prevenir os males da profissão “.
Dentro da perspectiva da higiene ocupacional, mencionou estudos que apontam níveis de ruído na ordem de 81,7 a 85.5 dB-A e vibrações com aceleração equivalente de 0,85 m/s2. A associação desses agentes resulta em perdas auditivas em aproximadamente 52% dos motoristas com 13 anos de atividade na profissão.
O Sindicato dos Motoristas Urbanos de São Paulo calcula que há 21 mil profissionais dirigindo os coletivos na Cidade, embora a Prefeitura do Município afirme que a frota é de 23 mil 754 veículos distribuídos em 1.325 linhas, os quais transportam em média 234 milhões de passageiros. Por esses números, pode-se desconfiar que o contingente desses trabalhadores na Capital Paulista é bem maior.
A edição de abril da Revista Proteção traz uma matéria especial sobre o trabalho dos motoristas de ônibus, apontando os problemas de saúde mais comuns na categoria, dentre eles lesões osteomusculares, depressão, problemas de colunas, etc.
Na quarta-feira, 15 de abril, Marcos Domingos participou do Programa da Cinthia, na Rádio Capital AM, 1040. O presidente da ABHO conversou com a Cinthia sobre “O perigo do uso de formol nas substâncias manipuladas nos salões de beleza” .
Estima-se que no Brasil existam hoje 400 mil salões de beleza que empregam três milhões de cabeleireiros. Esses números podem ser bem maiores porque se trata de uma atividade muito popular, realizada até em residências. Embora não pareça, mas os profissionais da beleza manipulam muitas substâncias químicas com componentes de alta toxicidade, como formaldeído, tolueno, acetona, metanol.
Muito se tem falado dos riscos à saúde para os freqüentadores de salões de beleza que são submetidos a tratamento de cabelo e cuidados das unhas com produtos contendo formaldeído, mais conhecido por formol. Os cabeleireiros, contudo, são os mais afetados pela manipulação dessas substâncias, tanto pela via respiratória como cutânea.
A maior parte do formaldeído inalado é absorvido nas vias áreas superiores em razão da sua afinidade com a água das mucosas, causando, porém, forte irritação no nariz e garganta, além dos olhos. Desencadeia ainda um processo de hipersensibilização que pode se transformar em asma e conseqüente redução da capacidade respiratória.
Estudos epidemiológicos realizados nos EUA, com trabalhadores normalmente expostos ao formol, mostraram evidências estatísticas claras do aumento de mortes por câncer nasofaringeano, quando comparados com os dados do restante da população local. Por isso, a ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygienists – uma agência que se dedica a publicação de limites de exposição ocupacional, classifica o formaldeído com cancerígeno A2 e recomenda que a concentração dessa substância nunca exceda 0,3 ppp (parte por milhão), ao longo da jornada de trabalho.
Para complicar o problema no Brasil, a legislação brasileira sobre essa matéria está desatualizada e adota um Limite de Tolerância de 1,6 ppm (parte por milhão), ou seja, cinco vezes mais tolerante do que o valor recomendado pela ACGIH.
A eliminação desse risco só é possível através da substituição dos produtos que contenham formaldeído por outros de baixa toxicidade. O mercado vem apresentando alternativas e os profissionais do ramo devem estar atentos a eficácia dessas outras opções. O uso de outras técnicas baseadas em equipamentos como pranchas, tesouras, escovas, secadores, etc, são boas soluções para esse problema.
O salão de beleza que insistir no uso de produtos com formaldeído ou outras substâncias tóxicas deve instalar um sistema de ventilação local exaustora e/ou oferecer respiradores apropriados (máscaras), condições obrigatórias pela legislação trabalhista para a segurança do profissional e também do cliente.
Afinal, nenhuma beleza substitui a saúde e o bem estar social. Por isso, vale a pena evitar a exposição a substâncias tóxicas, finaliza Marcos Domingos da Silva.